quinta-feira, 17 de março de 2011

Análise Heavy Rain

‘’Estás preparado para salvar a vida de alguém que amas, mesmo que isso implique a tua própria morte?’’

Este é o mote inicial de Heavy Rain, um drama interactivo produzido pela Quantic Dream e que vem dar um novo rumo ao universo dos videojogos.
Antes de mais, é de referir que estão perante um título que não é para qualquer um. Para conseguirem perceber Heavy Rain e todo este universo de jogo é preciso serem algo sensíveis, pois vão entrar num mar de decisões, emoções e sentimentos.

Esperem um enredo extremamente adulto, não pela violência gratuita ou linguagem pouco conveniente, mas sim pela complexidade transmitida e pela difícil compreensão de público menos experiente na vida adulta.

Esqueçam poderes especiais, aventuras pelo mundo em busca do castelo encantado de uma qualquer princesa ou viagens em naves espaciais. Em Heavy Rain tudo é bem real, longe da fantasia e retratando perfeitamente aquilo que é o verdadeiro quotidiano da sociedade.

O jogo arranca com um pequeno prólogo, onde nos começamos a familiarizar com os controlos do jogo e a aprender toda a mecânica que este apresenta. O enredo começa a mostrar uma cara completamente oposta daquilo que se vai tornar após completarmos o prólogo.
Ethan Mars, a primeira personagem que controlamos, é um homem que aparentemente tem tudo, um casamento perfeito com uma mulher bonita que o ama, dois filhos, uma casa grande e um emprego de sonho onde desempenha a função de arquitecto com enorme sucesso.

A primeira acção que desempenhamos é levantar Ethan da cama, e é aqui que percebemos que os controlos de Heavy Rain são diferentes de qualquer outro jogo. Para levantarmos Ethan temos de premir um dos analógicos na direcção apontada no ecrã e se falhar-mos ele volta a cair na cama, como se perdesse as forças. Todas as acções do jogo são então baseadas neste esquema de controlo e em quick time events (premir rapidamente o botão apresentado no ecrã), exceptuando o simples andar, que é feito através do botão R2 juntamente com a direcção pretendida.

Durante o prólogo aprendemos quase tudo o que há para saber sobre os controlos, desempenhando diversas tarefas como pôr a mesa, fazer a barba, tomar banho, brincar com os meninos, ver televisão, entre outras, o que vai servir de base para as cenas de acção e perseguições que o jogo oferece mais á frente.

Ao termos o primeiro contacto com a história, percebemos que tudo é luz e cor. Estamos perante o aniversário de um dos filhos de Ethan e a felicidade existente entre toda a família é contagiante.
Até que acontece algo que vai mudar toda esta onda de cor que tem inundado toda a atmosfera que gira em volta da família Mars. O filho mais velho de Ethan perde-se no centro comercial e acaba por fugir para a rua, onde acaba por ser atropelado e consecutivamente morrer. Aqui termina o prólogo, e a partir daqui temos contacto com um mundo completamente diferente do apresentado anteriormente. O sol brilhante deu lugar ao constante cair da chuva, a luz foi substituída pela escuridão e toda a felicidade foi trocada por mágoa e tristeza.

Ethan sofre de uma profunda depressão por se sentir culpado pela morte de Josh, o seu casamento chega ao fim e acaba por dividir a custódia do seu segundo filho com a sua ex mulher. Os desastres não ficam por aqui e Shaun, o segundo filho de Ethan, é raptado misteriosamente. Sem qualquer prova inicial, tudo aponta que a criança seja a vítima mais recente do Origami Killer, um assassino em série que mata rapazes novos afogando-os com a água da chuva.
Ethan Mars é apenas um dos quatro protagonistas que controlamos em Heavy Rain, ficando os outros três encarregues a Norman Jayden, um agente do FBI que está encarregue da investigação sobre o Origami Killer e é dependente de drogas, Scott Shelby, um ex detective contratado pelas famílias das vítimas e Madison Paige, uma jornalista que procura ganhar popularidade com a descoberta do caso.
Os quatro personagens não estão ligados entre si mas acabam por se cruzar no enredo.

Outro ponto em que Heavy Rain inova é nos rumos que podemos tomar. As decisões são tomadas de acordo com aquilo que sentimos e achamos ser o melhor. Temos diversas opções para tomar ao longo de todo o jogo e cabe a nós tomar as decisões acertadas. É certo que existem escolhas mais importantes que outras e muitas delas não vão alterar o rumo principal do enredo, mas de qualquer maneira serve para chegarem ao vosso destino por caminhos diferentes. Se por acaso alguma das personagens principais morrer, a história continua naturalmente, podendo até morrer os quatro protagonistas. Heavy Rain tem um elevado número de finais por descobrir, o que vai acrescentar uma boa quantia de horas á experiência de jogo de cada um.

O detalhe gráfico das personagens está assombroso, as expressões faciais e corporais estão quase reais e são do melhor que se pode ver na actualidade. Tanto os cenários como a colocação das câmaras estão dignos de uma filmagem de Hollywood.
A banda sonora é fenomenal, sons arrepiantes, melancólicos e profundos são uma constante e transmitem toda a atmosfera melancólica de Heavy Rain.
As vozes estão localizadas para português e mesmo não se comparando ás originais, estão bastante boas. Marco Delgado, Cláudia Vieira, Vítor Norte e Pedro Lima entregam as suas vozes a Ethan Mars, Madison Paige, Scott Shelby e Norman Jayden.

Heavy Rain é para muitos um videojogo e para outros tantos um filme interactivo. Eu considero-o um drama interactivo, como a Quantic Dream gosta de lhe chamar. Pessoalmente foi uma das melhores experiências que vivi com um videojogo. Nunca tinha encarnado tão fortemente a pele de uma personagem. Dei por mim a sentir o que os protagonistas estavam a sentir e atrevo-me a dizer que tive lágrimas no canto do olho por diversas vezes. Não é qualquer um que consegue jogar Heavy Rain, mas para quem gosta de emoções fortes, fazer o seu destino e não se importa de sofrer com o sofrimento ‘’dos outros’’, tem aqui uma avalanche de sentimentos que tem a ousadia de inovar e apresentar ao mundo uma nova maneira de encarar os videojogos. A Quantic Dream apostou num novo género e é com enorme prazer que digo que a aposta está ganha.


Gráficos – 9
Jogabilidade – 8
Som – 9
Longevidade – 9

Nota final - 9

1 comentário:

  1. So de ler esta incrivel e espetacular análise fiquei com uma enorme vontade de o jogar agora tenho a certeza que ia amar o jogo pois vou sentir emoçôes que nunca sentira antes com nenhum videojogo!
    Análise simplesmente perfeita uma das melhores que ja vi pois transmite uma enorme força de vontade de jogar logo no momento em que acabamos de ler a Análise!
    Continua com o exelente trabalho =D

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